Já está tudo preparado. Semana passada retirei do guarda-roupa a embalagem onde estão minhas blusas de frio, que são poucas. Lavei cada uma com sabão de coco. Estão todas cheirosas e prontas para uso. Aproveitei e lavei também meus cachecóis, lembranças do tempo que morei no centro-oeste brasileiro e que, depois que saí de lá, nunca mais foram usados. Tenho esperança de planejar uma viagem para uma cidade fria só para usá-los. E nem precisa ser no sul do país, porque frio demais eu não aguento. Pode ser numa dessas pequenas cidades do interior nordestino que têm serra, aqui por perto mesmo.
Minha única colcha mais grossa também está pronta, cheirosa e macia, esperando as noites frias de 20°C em que a vontade é apenas passar o dia na cama lendo um livro ou assistindo um bom filme. A bota cinza de cano curto, meu xodó, essa eu doei. Tinha salto e, depois do meu problema de circulação, infelizmente não dava mais para usar sem que eu me cansasse. Ainda estou decidindo se compro outra, por aqui são calçados um tanto inadequados para o calorão de todo dia.
A programação para o inverno já começou a se desenhar. Recebi convite para uma noite de queijos e vinhos. Melhor dizendo, para uma noite de fondue. Há alguns dias, no almoço com os colegas de trabalho, ficou combinado: assim que a temperatura baixar, vamos para casa de um deles para degustar fondue e prosear. Não vai ter lareira, mas isso é um detalhe. O que importa mesmo é entrar no clima.
Por falar em clima, infelizmente as novidades não são muito animadoras. Leio no site de notícias que o El Niño começa a dar os seus primeiros sinais no Brasil este ano. Deve ser por isso que a sensação é de que estamos em janeiro, no alto verão. Nada de chuva e as temperaturas continuam altas. Tá complicado para dormir. Mas tenho fé. Deixo a janela da cozinha aberta à noite, vai que o inverno queira chegar.
Nadja Cristina Tavares é natural de Natal (RN) e vive em João Pessoa (PB). Jornalista, especialista em Gestão da Comunicação nas Organizações, obteve menções honrosas em concursos de poesia da Fundação José Augusto, de Natal, e de conto infantil, do SESC DF. Tem poesias e crônicas publicadas em antologias. Planeja publicar um livro individual em 2024. Participa do Curso Online de Formação de Escritores
